O Tempo
escorreu tanto
como as lágrimas que caíram
e fez da tua dor
um rio, um rio maior
que a dor do teu coração;
O Tempo
escorreu-se não pelos
meus dedos, mas pelas minhas veias
visto que o tempo é tão fino,
é tão rápido, tão invisível
que quando reparas nele
ele foi-se a triplicar para o teu corpo
torna-te em algo que não queres ver
todos os dias;
O Tempo
este que tanto gostas
como temes porque sabes que ele cada vez mais
é sempre curto, curto para te encortar a vida
e como tal ficas quase sem respirar
e com medo daquilo que é o suposto descanso;
O Tempo
aquele que usas como desculpa, para não te fazeres
à estrada, que usas como desculpa para não socializares,
para não amar, para não desejar, para não beijar,
para nada, para tudo, para ninguém, para todos
e quando dás por ela já tens filhos e netos
e sentes-te tão triste mas ao mesmo tempo feliz pela família.
O Tempo
foi cortado pelo desejo de se querer tudo muito depressa,
pelo desejo de querer que seja lento,
pelo desejo que se despache mais que tu,
pelo desejo que ela escorra completamente,
muito mais que a água na tempestade;
O Tempo
é aquele que goza contigo e ainda se ri,
é aquele que faz do teu corpo rugas,
e sentes-te próximo ao final
de algo que nem sequer começou
mas sim que foi uma ilusão dolorosa;
O Tempo
é aquele que tu queres tanto ter em
tua posse, porque sabes que ele voa
muito mais para além das nuvens,
e como tal é-te difícil apanhar....mas
não desesperes;
O Tempo
aquele que tu amas tanto
porque queres e tentar preservá-lo
o mais puro, sem quebrar, sem magoar,
sem o fragilizar, sem o despedaçar, sem o
censurar, afinal foi o que o fizeste
mas ao teu amor, amizade, carinho
e a todos aqueles que adoravas;
O Tempo
foi aquele que não soubeste,
aquele que não quiseste, aquele que recusaste,
aquele que deixaste ir, aquele que não soubeste
aproveitar como um tesouro tão valioso
como a vida, deixaste tudo escorrer, escorreu tantos
mas tantos momentos que podiam ter sido bons,
tantos momentos que podiam fazer-te brilhar,
tantos momentos que podiam fazer-te sorrir,
mas insiste em discutir, chorar, gritar, berrar
pelas pessoas que constantemente
fazem-te de ti um ferida completamente aberta,
já te vejo o coração, o coração banhado em sangue e dor como tudo isto
que já sofreste e ainda insiste em sofrer;
O Tempo
agora já passou, já passou
aquilo que querias,
o verdadeiro Amor.
Autor: Carlos Cordoeiro.
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