segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Poema Máquina

Todas as palavras
são tão indecisas;
todas as ações
são como que automaticamente,
feitas por moldes, são todas repetíveis;
sinto-me negativamente máquina;
tal como a máquina, todo o meu ciclo
é repetível,igual e monótono;
o meu corpo como máquina
está a enfurrejar, preciso tanto de óleo;
o meu corpo precisa de ter manutenção
precisa de novos parafusos,ligações;
se eu receber o gelo da frieza humana
simplesmente congelo, morro, fico petrificado;
vendo bem estou petrificado,sempre estive;
não vejo o óbvio, não sinto nada;
todo eu sou máquina descascada pelo tempo.

Vocês sabem,quando a máquina é descuidada
não funciona, não trabalha ou gira;
é assim, é assim que estou a parar,
estou a parar, eu sou caro, o meu arranjo é caro,
eu não quero parar mas vejo-me neste caminho
o caminho é baseado no brilho, no cintilar de novas energias;
eu necessito de brilhar, necessito de funcionar.

Sou uma máquina
que precisa constantemente de trabalhar
uma máquina que tem que ter outra versão
uma máquina que tem que ser mais potente.

Eu, enquanto máquina
preciso de novos líquidos industriais
preciso de novas fontes, novas ideias e até mesmo
novas verdades.

Autor: Carlos Cordoeiro.

1 comentário:

  1. Interessante este teu poema. Acho que tocaste num ponto importantíssimo que está a acontecer com a nossa sociedade. Neste mundo industrializado querem que sejamos máquinas. Apenas máquinas que trabalham para o capricho alheio. Enquanto os grandes senhores do poder e da razão usufruem de belas máquinas (grandes automóveis, grandes casas, etc) construídas por outras máquinas que somos nós... Não podemos deixar que isso se torne um hábito. Temos de nos renovar a cada dia, e como tu dizes e muito bem, precisamos de novas fontes, novas ideias e novas verdades.

    Parabéns pelo poema. Gostei Mesmo!
    Jovita Capitão.

    http://rainhadasinsonias.blogspot.pt/

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