domingo, 11 de junho de 2017

Poema O Filme Já Não É O Mesmo

O Filme Já Não É O Mesmo
as cadeiras agora estão desgastadas
outras por estrear, outras que nem estão lá
eu penso que filme irei ver
se nem quer está gente apenas aqueles que um dia
vi em fotografias como recordação de anos passados;
O Filme Já Não É O Mesmo
desde que cada um de nós parte
mais cedo que outro, mesmo que o comboio
ainda não chegue para nos levar
ainda assim queremos nos adiantar
por um destino tão negro como o negro da montanha da noite;
O Filme Já Não É O Mesmo
já não sinto o frio da noite
em que estou de passagem entre o frio
e a sala confortável em que vejo imagens
e ao meu lado o amor que sempre quis ter e desejar;
O Filme Já Não É O Mesmo
já nem o sentimento é o mesmo de ver
e sentir-me atraído pelas mulheres belas
em imagens grandiosas à minha frente que me faziam
deslizar pela cadeira cinematográfica da sala.




O Filme Já Não É O Mesmo
a partir do momento que o nosso melhor filme
caiu na desgraça de se tornar história,
a partir do momento que a nossa melhor cena
agora é recordada em conversas de tarde ou noite,
a partir do momento que aquele beijo gigante que vimos
foi o mesmo que nos demos mais em momentos mais íntimos;
O Filme Já Não É O Mesmo
desde que senti que o cinema fazia parte do nosso imaginário
não do nosso diário
simplesmente apenas recordei os nossos momentos
mesmo aqueles mais aborrecidos...mas estava ao teu lado;
O Filme Já Não É O Mesmo
nunca foi, aliás ainda hoje penso mesmo qual
era o filme que vimos, se o filme era o amor, a vida ou a morte,
qual deles admirados mais, qual deles nos despertou mais gosto
apenas quis chorar por saber que nenhum deles me fez feliz
apenas tu que foste uma aparição na minha vida ou no meu ser;
O Filme Já Não É O Mesmo 
é que já não é o mesmo, agora tudo parece inflamável
agora tudo parece mau, dentro e fora do meu coração
agora o filme é de acção mas ao mesmo tempo de terror
apenas tento ter tempo para suspirar e quase que nem consigo
apenas vejo e ouço mas não posso agir, o filme é demasiado real
demasiado directo, demasiado perturbador para os meus olhos
que apenas viam os filmes com finais feliz mas que agora descobrem
que tudo é a preto e branco.

Autor: Carlos Cordoeiro

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