sexta-feira, 2 de maio de 2014

Poema Liberdade (25 Abril)

Não, não fui do tempo do silêncio,
não fui do tempo das guerras,
do sangue injustamente derramado,
dos corpos perdidos pela mata africana,
pelas bombas todos os dias lançadas,
nem tão pouco as torturas nas frias paredes de um sítio vazio;
não fui expulso do nada,
não fui preso por valores positivos clandestinos,
não falei contra ou a favor em cafés sobre alguém,
não pus fogo a sítios que eram ameaça para alguém ou algum,
não ouvi "dispersar" da policia,
não levei com jactos de água em manifestações,
não tive os meus textos censurados pelo lápis azul,
não chorei a dor e a mágoa de ver um filho a partir
para a guerra ou morte;
não chorei pela raiva de não poder falar;
não chorei por dias cinzentos mesmo quando havia sol,
não chorei pelas mortes,não me tornei negro
como os os outros eram todos os dias;
não era hipócrita e filho da puta
como aqueles da mesma família que chibavam-se;
não causei sofrimento a ninguém;
aguentei tudo mas mesmo tudo,
tive que aguentar,calar apenas viver;
depois de tudo isto acontecer e a liberdade surgir
chorei,ri gritei e até cantei num misto de alegria e alívio.



Outros valores ressurgiram,
outros sentimentos renasceram;
os edifícios cresceram como cogumelos,
tornamos-nos grandes, como nos Descobrimentos;
os olhos d´Os Capitães de Abril brilharam,
conquistaram a liberdade merecida à muito;
até a natureza renasceu e tornou-se maior,
tudo tornou-se a cores, com cravos e outras coisas;
Portugal conseguiu renascer.


Portugal estava renascido como teve
noutros anos que ser;
Agora
Agora onde estão os valores da liberdade?
Onde está o respeito pelo povo?
Onde está o respeito pelos Capitães de Abril?
Onde está o respeito pela Democracia?
Onde está o respeito pelo preço ao trabalhador?
Onde está a consciencialização da actualidade?.


A assembleia é como uma mega sanita,
cheia de merda que está lá há anos,
esqueceram de puxar a água para haver renovação,
e vir outras caganitas piores que as anteriores;
a sanita deve ser retirada e incendiada
em praça pública e o papel também,
as palavras devem ser corroídas
com o ácido mais ácido;
é tão cliché a actualidade,
expludam as Finanças,
expludam os Ministérios,
expludam os Tribunais,
incendeiem o dinheiro europeu,
incendeiem a papelada a assinar,
incendeiem a impureza;
incendeiem as casas Ministras;
expludam todo o conformismo,
expludam toda a escrita profana,
incendeiem a politica,
começar do 0 mas sem merda,
haja uma nova revolução
para deitar abaixo esta ditadura escondida
e disfarçada como o povo não a visse.


Autor: Carlos Cordoeiro.

1 comentário:

  1. Muito bom! Parabéns pela coragem das palavras proferidas. Felizmente que a liberdade de expressão existe hoje em dia! Escreves-te o que te ia na alma. Acredita que é um dos teus melhores poemas! Superaste-te a ti mesmo. Força. Continua!

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