domingo, 3 de abril de 2016

Poema Funeral

Quando eu morrer no meu funeral...


No Meu Funeral estará a alegria na tristeza,
não haverá aquelas lágrimas falsas
e dizer-se que eu era boa pessoa, ou fui muito bom quando estava vivo,
assim como não haverá muitas pessoas de preto
e a entristecer todo o lado cinematográfico do momento;
No Meu Funeral não haverá carros a andar lentos,
filas gigantes de pessoas a andarem atrás
como se elas tivessem morrido por mim ou comigo,
muito menos vai haver aqueles gritos e choros
tão teatrais para outros ouvirem e insultarem;
No Meu Funeral não irei ser esmagado
com quilos e quilos de flores extremamente perfumadas,
e que ficam a apodrecer o meu belo túmulo,
e que ficam ali a ocupar espaço e nem consigo mexer-me
à vontade enquanto estou a dormir,
No Meu Funeral não quero estar de noite
a ser visto e beijado inconscientemente e de forma doentia
como eu fosse um corpo anormal
que deve ser estudado e analisado e explorado sentimentalmente
por isso agradeço que me vejam mas de longe;


No Meu Funeral a sepultura será grande mas cómoda.
sabem porquê? Para não ver a desgraça dos dias futuros,
para não chorar pelo mau rumo que o mundo está a tomar,
para não sentir a dor de inocentes,
para não falar o que não quero na hora que deveria;
No Meu Funeral a alegria vai ser intensa, brutal, imensa, verdadeira,
uma festa autêntica onde os sentimentos serão puros e genuínos,
tudo será natural como o lado natural de eu ser enterrado
na terra fresca e boa da Natureza que me fez criar;
No Meu Funeral não haverá pessoas hipócritas a verem-me lá em baixo
já deitado, a dormir descansado para acordar numa dimensão melhor
numa dimensão mais pura, numa dimensão mais alegre,
numa dimensão que não me julguem por ser diferente,
por ter vivido as artes plásticas como vida,
por ter escrito os poemas das pessoas que amei e detestei,
por ter chorado, por ter magoado aqueles que me eram mais próximos
e que de facto amaram-me sempre mesmo eu não percebendo,
por ter ter falado àqueles que me diziam tanto e que sempre viram em mim
uma pessoa boa, simpática, amável mesmo quando eu não via nada disto em mim,
mesmo quando em mim vi apenas momentos escuros que não consegui variar
numa fase em que os dias não foram tão bons para se viver;
No Meu Funeral vou ser recordado, vou ser lembrado, vou ser amado,
vou ser imortalizado, vou ser adorado, vou ser petrificado na História da Arte,
vou ser aquele que marcou as Artes, aquele que revolucionou, aqueles que não teve medo
de escrever o que o coração sentia e queria dizer.
No Meu Funeral irei viver uma nova vida mais pura do que esta.


Autor: Carlos Cordoeiro.

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