quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Poema Fecho-me Para Não

Fecho-me Para Não
sofrer daquilo que nunca consegui amar,
daquilo que nunca consegui ter como garantido
daquilo que nunca senti como real,
daquilo que achei que fosse verdade
uma vez que fosse por isso fecho-me para não;
Fecho-me Para Não
ver aquilo que é demasiado doloroso
para não sentir aquilo que me faz sentir nó na garganta
e aquela vontade de chorar constante
mas apenas sinto dor, sinto um aperto,
aquele aperto desesperante que apenas
dá vontade de chorar até dormir na cama com as luzes apagadas;
Fecho-me Para Não
ouvir o que não quero ou o que custa
para não ouvir aquilo que me magoa tanto por dentro
mas que depois até passa,
sentir aquilo que me dói em pensar
pensar seja no amor, no futuro, em algo mais básico;
Fecho-me Para Não
sentir-me para fora
mas apenas por dentro, porque há dias
em que são tão difíceis, aqueles dias
que não estás mesmo bem e que nem sabes explicar,
não sabes explicar o que sentes, o que te incomoda
simplesmente estás por estares lá, tipo vegetal
e só apetece ficar num canto escuro sem uma migalha de luz.




Fecho-me Para Não
ser aquilo que os outros riram tanto
mas que agora estão admirados no que me tornei,
na pureza das minhas palavras tão sinceras,
na pureza do meu ser
na minha frescura como a água completamente limpa
que sai de uma pequena nascente de uma montanha tão rochosa;
Fecho-me Para Não
sentir as dores constantes
de verdades que o são mas que ainda assim
prefiro não as saber, prefiro ignorar,
prefiro ignorar, prefiro esquecer por momentos
que o mundo está com sub carregado com supostas verdades;
Fecho-me Para Não
ver o mundo cada vez pior
cheio de coisas utópicas, cheio de hipocrisia
e de sorrisos falsos que preenchem tanto uns
mas que arruína outros tantos,
penso que mais vale chorar para melhorar
do que sorrir para competir;
Fecho-me Para Não 
ter novas portas, ás vezes eu abri
as portas erradas, as portas que trouxeram-me tristezas,
erros, falhas, mas agora cresci tanto,
tanto que estão tão alto como um árvore centenária;
Fecho-me Para Não
chorar as lágrimas
que por vezes são desnecessárias, mas que são tão fatais,
chorar as lágrimas
daquilo que perdi e que doeu,
daquilo que ganhei mas perdi,
e por isso torna-se algo como um ciclo viciado,
e eu nem sequer sou jogador.

Autor: Carlos Cordoeiro

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