sábado, 19 de março de 2016

Poema Pai (Dia do Pai)

Mais um dia especial,
que é teu,
todos os anos,
mesmo que eu não te consiga ver,
mesmo que eu não te consiga ouvir,
mesmo que eu não te consiga sentir,
mesmo que eu não te consiga falar-te,
consigo fazer tudo isto contigo
através do meu coração
e da recordação constante que criei de ti
através da tua presença petrificada em foto.



Segundos, Minutos, Horas, Dias, Semanas,
Meses e Anos correm tão lentamente,
se me lembrasse de cada momento que te perdi
de forma injusta e tão crua,
que quando engulo em seco até dói
eu se calhar pensava duas vezes nisto tudo;
Se soubesse, ou pensasse de forma triste ou irracional
na probabilidade de cada segundo ser o último
para mim...há muito tempo que já estava contigo,
há muito tempo que já sorria contigo,
há muito tempo que já falava contigo,
há muito tempo que já te abraçava,
há muito tempo que já sabia como eras,
há muito tempo que já te conhecia e amava;
É ingrato tudo isto
é ingrato a garganta inchada que se sente
quando queremos falar, escrever ou sentir
alguém que nos é especial e não nos conhecemos, e não nos vimos,
os olhos não cruzaram, o toque não foi mútuo;
É tão forte esta dor que se mistura com a curiosidade,
de se querer conhecer alguém, que deveria ficar comigo
mais tempo, para que este tempo até hoje
não fosse tão duro, tão forte, tão corrosivo
nos corações daqueles que realmente sofreram mesmo sem querer com à tua partida.


Mãe tiveste que ser duas estrelas,
tiveste que ser tu mesma e aprender do nada a ser uma nova
a estrela Pai, a estrela masculina,
tiveste que ser mais homem, tiveste que ser mais dura,
talvez....tiveste que ser tanta coisa
em tempos tão difíceis, tempos apertados,
tempos complexos, tempos de mágoa, tempos de dor,
em tempos de saudade, tempos de arrepio, tempos de aflição,
tempos de imaginação, tempos de suspirar....suspirar....suspirar
suspirar por dias tão cansativos....
por dias de tamanha luta...
por dias de tamanho desespero...
por dias batalhados de forma sozinha...
por dias tão remexidos...
por dias tão injustos...
por coisas, dias, acções, dilemas, verdades, mentiras, angústias,
hipocrisias, por tudo isto e por tudo mais que tiveste que brilhar pelo Pai, Mãe.


Podes estar longe meu Pai, ou então tão perto
mesmo aqui ao meu lado sentado a ler isto que te escrevo
e a dizeres para não chorar e para ser forte,
e para não sofrer com a tua saudade,
para não sofrer com a tua ausência,
para não sofrer com a tua transparência,
para não sofrer por não te sentir,
para não sofrer por não te tocar,
para não sofrer por não te ver,
porque mesmo sendo isto tudo injusto ou parecer, o que fica é o futuro,
as sementes que tu deixaste no futuro, as sementes que floresceram,
que nasceram, mesmo que de forma tremida,
que crescemos, mesmo que sem um apoio, um pilar, um membro, um amor.

AMO-TE PAI.

Autor : Carlos Cordoeiro.

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