quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

(Poema) Carta De Uma Prostituta

José:
Sabes que eu sou uma prostituta
sempre o fui, tu sabes que aos 12 anos
eram difíceis aos meus dias,
o meu pai era alcoólico
e a minha mãe era...prostituta?
Sim é verdade, mas fiz um grande esforço
opah e fui para a minha avó
e ela fez-me ter escola até aos 18 anos...
mas tinha tanta vergonha, para visitar a minha mãe
tinha que ir para onde ela estava  com os homens
vi coisas horríveis, e nem acredita naquilo;


Ás vezes, estranhamente a minha mãe, mostrava-me o dinheiro
meu Deus era mesmo muito José (mas acho que estejas informado disso)
mas ela dizia que ganhava bem, que não era preciso muito esforço
mas que ás vezes estava farta de certas pessoas que atendia,
mas sabes José, ela nunca me disse para o que era,
nunca me disse o que fazia, será que ela não se lembrava
que eu a via com aqueles homens de negócios todos nojentos?
ela não se lembrava que eu a via aqueles gajos com os casamentos todos lixados?
aqueles gajos gordos, com bigode horroroso, praí com 70 anos e mesmo assim querem fazer sexo?


Por favor, isto é completamente nojento, mas eu segui o mesmo caminho.
Fui e sou, como tu sabes José, prostituta, opah é verdade,
quero lá saber o que os outros acham de mim,
ou porque sou isto, mas agora percebo a minha mãe;
Tenho que atender clientes, quase ser manda por eles...
já tive que fazer coisas horríveis...já me bateram (estou toda lixada mas pronto)...
já tive que tocar-lhes de maneiras horríveis... já me violaram...já me ameaçaram...
Sabes José, eu não compreendo se eu abro as pernas para eles
porque me lixam tanto,
todo o meu corpo, a alma, a verdade e a dignidade que há muito perdi
Peço-te ajuda José,
Abraço, vou-te falando, se conseguir.


Autor : Carlos Cordoeiro

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